Mafioso italiano revela segredos sobre o PCC e o CV
Vincenzo Pasquino, mafioso italiano, firmou um acordo de colaboração com a Justiça da Itália e decidiu revelar segredos sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e sobre o Comando Vermelho (CV). Ele também deu informações a respeito de três famílias da máfia italiana ‘Ndrangheta. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo, em reportagem publicada nesta quinta-feira, 25.
O mafioso, mencionado como o principal intermediário do tráfico de cocaína da América do Sul para a máfia calabresa, foi preso no Brasil e extraditado para a Itália em 25 de março.
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Durante interrogatórios na Penitenciária Federal de Brasília, em novembro e dezembro, Pasquino admitiu seu envolvimento com a ‘Ndrangheta, inclusive no Brasil.
O procurador Giovanni Melillo informou ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que Pasquino decidiu colaborar com a Justiça. O criminoso forneceu informações relevantes sobre o tráfico internacional de drogas que envolvem o PCC e o CV.
“O senhor Pasquino decidiu-se pelo caminho da colaboração com a Justiça, dando declarações e confissões que, já no estado atual [no início das conversas], parecem relevantes também para investigações reservadas à jurisdição da República do Brasil, referindo-se ao tráfico internacional de entorpecentes, organizado por grupos criminosos brasileiros ligados ao PCC e ao CV”, escreveu Melillo.
Na colaboração, Pasquino relatou ser integrante da ‘Ndrangheta desde 2011 e que se uniu ao clã Agresta de Volpiano, atuante no norte da Itália. Nascido em Turim, o mafioso colaborou com albaneses no Brasil, como Leart Gjimaraj, preso em 2014 com 15 quilos de drogas.
Pasquino chegou ao Brasil em 2017 para trabalhar no envio de drogas para a Itália. Inicialmente, estabeleceu-se no Paraná, antes de mudar-se para São Paulo.
Seus primeiros contatos no Brasil foram com Nicola Assisi e seu filho Patrick, chefes da ‘Ndrangheta e responsáveis pelo tráfico de cocaína para a Europa.
Pasquino e o PCC
Depois da prisão dos Assisi, em 2019, Pasquino se mudou para o Tatuapé, na zona leste da cidade de São Paulo, onde lideranças do PCC possuem imóveis de luxo.
Na capital paulista, Pasquino organizava a logística do tráfico. Ele morava em um apartamento na Rua Aguapeí, no Tatuapé, com sua mulher, Morena Maggiore, filha de um mafioso siciliano.
Com a prisão dos Assisi, Pasquino tornou-se o principal intermediário da ‘Ndrangheta no tráfico global e braço-direito de Rocco Morabito — um dos dez criminosos mais procurados pela Interpol e capturado no Brasil junto com Pasquino, em 2021.
“Nosso alvo era o Rocco Morabito”, afirmou o delegado Fernando Santiago, do Denarc. “Tentávamos chegar até ele e fomos aos poucos identificando essa rede de contatos.”
Os dois foram presos em João Pessoa (PA). Morabito foi extraditado em 2022, e Pasquino em 2024. Este último estava condenado a 17 anos por tráfico de drogas e enfrentava ameaças.
A Operação Eureka levou à prisão de 108 membros da ‘Ndrangheta e revelou esquemas de tráfico de drogas e armas.
Confissão de Pasquino
Na Itália, Pasquino confessou todos os crimes da Operação Eureka e explicou as regras da máfia para o uso do porto de Gioia Tauro, na Itália.
Um carregamento de cocaína dividido entre Pasquino e o PCC desapareceu ao chegar a Gioia Tauro, mas ele conseguiu ser indenizado.
Outro carregamento do PCC foi recusado pela ‘Ndrangheta, levando a um rompimento entre o PCC e a máfia italiana. Sebastiano Giampaolo substituiu Pasquino depois de sua prisão, ao reatar contatos com albaneses.
Segundo Melillo, Pasquino revelou informações sobre famílias perigosas da ‘Ndrangheta e sobre o tráfico pelos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e João Pessoa (PA).
É raro um chefe da ‘Ndrangheta delatar, em razão dos fortes vínculos familiares, mas Pasquino promete mapear rotas internacionais de drogas e contatos com narcotraficantes turcos e operadores chineses.
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